19/06/2012

E a gente se acostuma, mas não devia.

A gente se acostuma a ouvir algo que machuca e permanecer calado. E, por permanecer calado, nos acostumamos a passar um turbilhão de sorrisos falsos em nossas faces. E, por não querer enfrentar a dor, acostumamos a abaixar a cabeça para aquilo que não devíamos. E, à medida que nos calamos, esquecemos que somos seres humanos, que temos sentimentos e também somos dignos de respeito. A gente se acostuma a dormir e acordar se sentindo culpado, muitas vezes sem ter culpa alguma. Ou, até mesmo adormecer em meio as lágrimas, porque assim quem sabe a dor ameniza. A gente se acostuma com a rotina que passa a ser de desentendimentos ao invés de felicidades. E, aceitando que as coisas fiquem e permaneçam desse jeito, aceitamos o ferimento e o rompimento de laços que jamais deveriam ser desfeitos. A gente se acostuma para não ter que enfrentar quem mais queremos ao nosso lado. Se acostuma para evitar sofrimento. Se acostuma para não ter que passar dor de cabeça e muito menos estressar-se. A gente se acostuma. E, por se acostumar, ou de tanto se acostumar, passamos a achar tudo isso muito normal, embora continue sendo cômodo. 

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